Tarcísio de Freitas inicia primeira transição do governo de São Paulo em 28 anos

PSDB dominou gestão paulista nas últimas décadas; Rodrigo Garcia, atual governador, apoiou ex-ministro do governo Bolsonaro no segundo turno da eleição e se comprometeu a facilitar transição

Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia

Gustavo Queiroz, Matheus de Souza e Giordanna Neves - Estadão

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), inicia nesta quinta-feira,17, a primeira transição de governo no Estado de São Paulo após 28 anos. O PSDB deixa o comando do Executivo estadual e passa o bastão para outra legenda escolhida nas urnas após sucessivos titulares tucanos, em série inaugurada por Mário Covas em 1998.

A primeira reunião formal ocorre na tarde de hoje com a participação do governador Rodrigo Garcia (PSDB), do coordenador de transição, Guilherme Afif Domingos (PSD), e do atual secretário de Governo, Marcos Penido, indicado por Garcia para conduzir o processo. O encontro acontece quase três semanas após a eleição no Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio esteve em férias nos Estados Unidos e ainda passou por Brasília antes de iniciar a transição em São Paulo.

Ao Estadão/Broadcast Político, Afif confirmou que a reunião definirá tarefas e estruturas de trabalho, além do local indicado para sediar a equipe de transição. Já Rodrigo Garcia deve fazer um balanço de governo e apresentar o status das políticas e orçamento das secretarias de governo.

Ao contrário do que ocorre na esfera federal, São Paulo não tem uma lei que rege a transição entre governos. Há apenas um decreto que faculta ao eleito manifestar interesse na composição de uma equipe.

Isso faz com que seja incerto o número de pessoas que de fato devem compor o processo de transição no Estado. Há a expectativa, porém, que alguns quadros cotados para cargos em secretarias acompanhem as discussões.

Tarcísio já indicou nomes que estarão no governo, como Guilherme Afif, o médicoEleuses Paiva, Rafael Benini, que atuou na Agência de Transporte do Estado de São Paulo, e a engenheira Priscilla Perdicaris.

Pressão

Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro chega às negociações sob pressão pelo loteamento de cargos estratégicos tanto por parte dos partidos que compuseram sua coligação quanto pelo interesse do bolsonarismo de “migrar” parar o comando paulista.

Parlamentares do PL discutem nomes que poderiam compor o novo governo, entre eles, o da deputada federal Rosana do Valle. Também citado por deputados do partido de Bolsonaro e eleito pela sigla, o ex-ministro Ricardo Salles disse não ter interesse em secretarias em São Paulo.

‌O comando da Secretaria de Segurança Pública também segue indefinido. O deputado Capitão Derrite (PL), que esteve próximo a Tarcísio ao longo da campanha, é um dos cotados ao cargo, mas o nome ainda sofre resistências. Pessoas próximas à transição afirmam que os postos não estão definidos e que Tarcísio vai manter o perfil técnico do secretariado, como prometeu antes de eleito.

Esta é a primeira reunião oficial de Tarcísio com representantes do atual governo. O PSDB almeja manter algumas posições na máquina pública. O governador eleito já disse que não quer seguir com os atuais secretários tucanos na chefia de algumas pastas, mas admitiu a possibilidade de quadros técnicos permanecerem em setores do segundo e terceiro escalão da administração pública.

Pauta

Como mostrou o Estadão, temas que povoaram a campanha eleitoral paulista, as câmeras nas fardas dos policiais e a privatização da Sabesp não devem ser apresentados por Tarcísio de Freitas durante a transição. A justificativa é que o futuro governador deseja avaliar os assuntos com especialistas antes de tomar uma decisão sobre o que fazer.

Outras pautas, como o possível aumento do salário do governador discutido na Assembleia Legislativa de São Paulo, porém, devem ser discutidas de imediato.

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