Crescimento de Rodrigo Garcia em vários segmentos na pesquisa Ipec impõe desafio a Tarcísio e Haddad

Tucano cresceu acima da margem de erro em vários estratos sociais e conseguiu manter uma taxa de rejeição baixa

Rodrigo Garcia (PSDB)

Bianca Gomes - O Globo

A guinada de Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa eleitoral paulista acende um sinal de alerta nas campanhas de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Além de ter empatado tecnicamente com o candidato bolsonarista, o governador de São Paulo conseguiu, em duas semanas, avançar de forma homogênea em vários estratos sociais, enquanto Tarcísio tem conquistado espaço sobretudo entre o eleitorado mais rico, que forma um grupo menor do colégio eleitoral paulista. 

Na mais recente rodada do Ipec, divulgada nesta terça-feira, o governador tucano cresceu acima da margem de erro entre católicos, eleitores de 25 a 34 anos , os que possuem Ensino Médio e os beneficiários de programas do governo federal. Ele ganhou entre cinco e sete pontos percentuais nesses públicos em 15 dias. Tarcísio, por outro lado, apenas oscilou dentro da margem de cada segmento, enquanto Haddad perdeu espaço entre os mais ricos e católicos. 

O Ipec também traz Garcia à frente de Tarcísio entre os mais pobres, outra boa notícia para a campanha do governador paulista. O tucano é citado por 16% do eleitorado que ganha até um salário mínimo, enquanto o candidato do Republicanos é mencionado por 12%. Há duas semanas, Tarcísio ainda mantinha vantagem nesse público. Os dois candidatos ainda aparecem com o mesmo percentual entre os eleitores que recebem de um a dois salários mínimos e que têm em seus domicílios alguém que recebe auxílio do governo federal. 


Espaço para crescer

Faltando duas semanas para as eleições, o cenário é favorável ao governador de São Paulo. Ele conseguiu manter uma rejeição baixa (9%) ao mesmo tempo em que vem melhorando a avaliação de seu governo e se tornando mais conhecido da população. 

O candidato do PSDB já se mostra mais competitivo que Tarcísio em um eventual segundo turno contra Haddad — e por isso tem sido alvo dos dois candidatos. Contra o postulante de Bolsonaro, o ex-prefeito paulistano vence com uma distância de dez pontos. Se o adversário for Garcia, a vantagem cai para oito pontos percentuais.

Tarcísio, que se colou em Bolsonaro para crescer nas pesquisas, tem herdado os problemas do presidente. Assim como o chefe do Executivo, Tarcísio vai melhor entre evangélicos (29%), homens (27%) e mais ricos (35%). Porém, encontra resistência com o público mais pobre (12%), mulheres (18%), jovens de 16 a 24 anos (18%) e menos escolarizados (18%). 

O fato é que não há uma só explicação para a melhora generalizada de Garcia nas pesquisas. Mas o último Ipec pega movimentos importantes da disputa paulista, como os ataques do deputado Douglas Garcia (Republicanos), da base de apoio de Tarcísio, à jornalista Vera Magalhães, o que foi amplamente explorado pelos candidatos do PSDB e PT. O governador paulista também tem ao seu lado um generoso tempo de televisão, o que ajuda a dar visibilidade às suas propostas e legados. 

O Ipec entrevistou 2.000 eleitores paulistas de 16 anos ou mais. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou menos. O estudo foi feito entre os dias 17 e 19 de setembro e está inscrito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de identificação SP-05582/2022.

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