Entrevista do secretário de Desenvolvimento Regional e presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi

De saída do Governo de SP, Vinholi faz um balanço da sua gestão, diz que dedicará ao partido e às campanhas eleitorais de Doria e Rodrigo Garcia

Marco Vinholi

Welbi Maia - Blog do Welbi

Após três anos à frente da Secretaria de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi está de saída do Governo de São Paulo para se dedicar exclusivamente à presidência do diretório do PSDB de São Paulo, atividade que acumula desde abril de 2019. 

Na entrevista, o secretário faz um balanço da das ações realizadas pela pasta, que conduziu por mais de 1.200 dias, onde implementou 15 programas, celebrou cerca de 3.600 convênios, que levaram mais de R$ 2 bilhões a municípios paulistas. 

Responsável por fazer a interlocução entre o Governo de São Paulo e os municípios paulistas, Vinholi se diz orgulhoso de ter implementado os conceitos de uma gestão municipalista, iniciada pelo governador Franco Montoro, em 1982, que tiveram sequencia nos governos tucanos de Mário Covas, Geraldo Alckmin. Agora, no governo João Doria, toma outro patamar, ao estabelecer a criação de 32 Regiões Metropolitanas. 

Na próxima terça-feira (22), será lançado o terceiro livro da pasta. Sendo este, a síntese da gestão.

Vinholi é um dos secretários mais próximos do governador João Doria. Sendo também um dos principais articuladores políticos do pré-candidato tucano. 

Após a entrevista, realizada na manhã da última sexta-feira (18), o secretário acompanhou o governador em uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Ao saudar as autoridades presentes, João Doria fez questão de fazer uma deferência especial a Vinholi, a quem chamou de "trabalhador incansável", e que seu auxiliar se dedica à gestão "de dia, de tarde, de noite. Sábado, domingo, a semana inteira". Afirmou Doria.

O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi em evento no Palácio dos Bandeirantes 

Ao deixar a secretaria, o tucano quer se dedicar integralmente à presidência do PSDB-SP. Com isso, ajudar nas campanhas de João Doria à Presidência da república, na reeleição ao Governo de São Paulo de Rodrigo Garcia, que assume definitivamente no próximo mês, e na eleição e reeleição dos candidatos do partido aos cargos do legislativo estadual e federal, nas eleições deste ano.


ENTREVISTA


Blog do Welbi - Secretário, o senhor está fazendo 3 anos, cerca de 1.200 dia à frete da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, qual o balanço o senhor faz do trabalho desenvolvido?

Marco Vinholi - Bom, um balanço de um período muito relevante para o municipalismo do Estado de São Paulo. Nós ao longo desse período, com a criação da Secretaria de Desenvolvimento Regional, resgatamos o que Montoro fez a cerca de 40 anos atrás; que os governos do PSDB deram força, Covas, Serra e Geraldo, de maneira intensa. Mas que a gente conseguiu dar uma nova ótima, trazendo elementos de tecnologia e, acho que muito por conta também da própria pandemia, intensificar e colocar, no que eu enxergo, desde Montoro, no ápice do Estado municipalista aqui em São Paulo

BW - Os números são impressionantes, foram realizados 15 programas na sua gestão, atendeu aos municípios com recursos num montante de R$ 2 bilhões, e 3.600 convênios. É recorde nesse período de tempo? 

MV - É recorde. A gente aproveitou a estrutura aqui da casa, já de muito anos. A senhora Dona Ivani, conhecida desde o governador Paulo Egydio (governador de SP entre 1975 e 1979), trabalha aqui no Governo do Estado. E o que a gente fez foi dar força para ela. Dar força para o time aqui da casa. Foi a primeira vez que ela foi subsecretária. Então nós valorizamos o time, incluímos tecnologia, transformados o processo que era totalmente analógico, chamado "São Paulo Sem Papel", e, por isso, a gente conseguiu avançar para esse número histórico de convênios com municípios aqui no Estado de São Paulo. 

Foi um período que a gente conseguiu fazer investimentos, com as cidades, de infraestrutura, investir na (estradas) vicinais de todo Estado de São Paulo, é um projeto que remete à época do Serra, e da própria época do Montoro, com números muito fortes. Todo impulso dado nos investimentos sociais... 

Enfim, tudo isso foi muito importante e pode ajudar muito os municípios. 

BW - De todos esses projetos, qual o grande legado que sua gestão deixa para o Estado de São Paulo

MV - Eu destacaria três coisas fundamentais: primeiro, na área da relação com municípios. Nós conseguimos aproximar as cidades do Governo do Estado, quebrando barreiras trazendo novos conceitos. Esses conceitos foram potencializados pelo enfrentamento da pandemia, e a gente chama isso de "Novo Municipalismo". Isso inclui a possibilidade de trabalho através de consórcios, através de redes de municípios, algo que a gente potencializou muito, superando a barreira de um município com o outro. Inclui também não ter distinção partidária no envio de recursos para as cidades. Inclui também não diferenciar o tamanho de uma cidade com a outra na hora do envio dos recursos. Inclui também uma visão através das evidências para implementação de políticas públicas. Tudo isso foi integrado em um programa chamado "Parcerias Municipais". Esse programa ganhou prêmio de melhor política pública do Brasil pelo CLP (Centro de Liderança Pública), entidade independente, que toca lá é o Luiz Felipe d'Ávila, que é candidato à presidente do NOVO, não tem nenhuma ligação hoje com a gente, então foi plenamente técnico. E esse programa sintetiza o conceito do Novo Municipalismo. Trouxe um legado muito forte entre os municípios. 

A segunda questão fundamental é a questão do desenvolvimento sustentado. Algo que é ainda é um pouco silencioso, mas que vai deixar um legado muito forte, foi a implementação do ICMS Ambiental nesses moldes aqui em São Paulo. Quando começou a gestão eu briguei muito por isso. Lutei muito para que isso pudesse acontecer. No início havia até bastante resistência pra ser colocado em prática. Resistência interna pra colocar esse projeto. Depois fomos construindo com a Assembleia (Legislativa), chegamos a um texto ideal. Esse projeto ele coloca que os municípios desempenhem e tenham melhor resultado ambiental, possam ganhar mais na cota-parte do ICMS direcionado a eles todos os anos. Então, isso vai dar R$ 5 bilhões nos próximos dois anos. Recurso muito forte. Os municípios vão começar a se atentar, porque é recuso na veia. E isso vai transformar o Estado de São Paulo num patamar ainda maior na política de resíduos sólidos, em toda política de reserva de água, toda questão energética. Tudo isso através do ICMS ambiental, que esse é um legado para muitos anos. 

A terceira e principal questão, que eu considero, é a nova regionalização do Estado de São Paulo. Revisitando aquilo que Montoro iniciou há 40 anos atrás, que o Mario Covas avançou com a criação da Região Metropolitana da Baixada Santista, o Serra com outras regiões, o Geraldo com outras regiões, e ao longo desse processo, vários secretários que deram sua colaboração. Para não alongar muito, vou destacar dois, o nosso secretário Edson Aparecido e o nosso saudoso Edmur Mesquita, que faleceu há pouco tempo, que deu uma contribuição enorme nesse sentido. Então, nós consolidamos aquilo que tinha sido feito e conseguimos estabelecer a criação de 32 regiões aqui no Estado de São Paulo. Regiões Metropolitanas, Aglomerados Urbanos e as Regiões de Estado. Isso estava preconizado no Estatuto das Metrópoles, mas não tinha avançado nesse período. Nós incluímos a sociedade civil na governança das regiões, um pleito do Ministério Público. Remetendo também a Montoro, quando ele tinha seus Conselhos Regionais. E isso funcionava de maneira muito intensa no governo Montoro. Na sequencia desse processo isso se perdeu um pouco a participação da sociedade civil. A criação do Fundo de Desenvolvimento Regional. Recursos partidários dos municípios e do Estado. E o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado, que é onde pensa, planeja, enxerga as regiões no médio e longo prazo. O bom vento ajuda a quem sabe onde quer chegar. 

Imagina um estado do tamanho de São Paulo não ter nenhum desses planos de desenvolvimento feito. Nenhuma região do Estado, até hoje, tinha um plano aprovado, estabelecido, de médio e longo prazo, e é isso que estamos fazendo agora. 

Estão, é essa é a grande revolução, o grande legado que fica da gestão.

BW - Já foram lançados dois livros das ações da secretaria, e na próxima semana será lançado mais um. Do que se trata os exemplares já lançados e este novo?

MV - Nós já tivemos lançamento do livro "O Novo Municipalismo", com vários craques da gestão municipalista. Eu fui mais um organizador e deia minha contribuição, mas Barjs Negri, um cracaço, o Andrea Calabi, secretário craque também, jovens que estão na gestão pública, como Renan, o Fred Guidoni, o Misiara lá da UVESP (União dos Vereadores do Estado de São Paulo), então, um grande time que colaborou para esse livro.

O segundo livro, o nosso "Vale do Futuro". O Vale do Futuro é um projeto de desenvolvimento do Vale do Ribeira. Eu lembro que o Covas já tinha um grande carinho pela região. Quando ele fez a venda da Comgás, ele colou os recursos daquela privatização no Fundo de Desenvolvimento do Vale do Ribeira. E com isso, nós seguimos a mesma linha, estabelecemos, ali, um programa revolucionário de melhora do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). 

E agora, esse livro que é a síntese da gestão. Coloca aí os nossos 15 programas, tudo que foi feito, as políticas de Estado, todo o time de colaboradores, para que fique marcado e possa muita coisa disso se transformar uma política de Estado, e não só política de governo. 

BW - O senhor estará deixando o Governo de São Paulo no próximo dia 31 para se dedicar integralmente à sua outra atividade, que é a presidência estadual do PSDB e às eleições?

MV - É isso mesmo. Eu assumi as duas funções de maneira conjuntara, assumi em janeiro de 2019, aqui a Secretaria. Já em abril, a presidência do partido. Foi um período muito importante, muito forte. Mas, eu sinto que, neste momento, vai ser muito importante esse foco total no partido. Eu saio para ajudar as candidaturas do Doria, para presidente, do Rodrigo, para governador, dos nossos candidatos proporcionais. 

O partido passa por um momento muito importante da sua história. E eu tenho uma visão que o partido sairá muito fortalecido dessa eleição pela sua coerência. Não só pelo seu tamanho, pelo seu crescimento, mas pela sua coerência. Então, o que eu vou pregar, o que eu vou defender, é a defesa desses valores, de maneira corajosa pela nossa militância, da nossa história, da nossa trajetória, de tudo aquilo que a gente fez. Eu tenho certeza se a gente seguir nesse trilho, ao fim da eleição o PSDB vai ser um partido muito melhor, muito mais forte, através dessa coerência. 

BW - O Doria é o candidato mais representativo para a terceira via?

MV - Eu enxergo que todos que se colocaram têm prós e contras. Todos têm a sua relevância. O Doria tem a seu favor, primeiro ser governador do Estado de São Paulo, que gera um peso importante dentro desse processo, sem dúvida, pelo tamanho, pela forca, de São Paulo. Mas, mais do que isso, ele tem em um momento de tanta radicalização dentro do processo democrático brasileiro, aquilo que nós chamamos de tônus para poder fazer uma disputa. 

Não será uma eleição tranquila, não será uma edição aonde esses dois polos radicais vão querer permitir uma terceira via. Então, acho que a contundência de Doria, nesse momento, faz ele ser o mais indicado para disputar a Presidência da República. 

Eu acompanhei a trajetória dele ao longo desse período, e entendo que ele será reconhecido por aquilo que fez. Daí chamam de calça apertada, coxinha, é isso, é aquilo. Mas, o que eu vi daqui de dentro foi um homem corajoso, coerente com aquilo que acredita, trabalhador, de muitas horas por dia, que valoriza nossa história. 

Muita gente não lembra disso, mas o Doria começou criança com Montoro. Tem uma relação com a família Montoro de muito pequeno. Depois com o próprio Covas. 

Ele, de maneira construtiva no partido, abriu caminho para uma nova geração. Todo carinho ao Geraldo e ao Serra. Mas o Doria abriu pra essa nova geração, da onde possibilitou com que Bruno Covas ascendesse. Possibilitou, agora, que Rodrigo Garcia possa ascender. Foi alguém que construtivo no partido, nesse sentido. Valorizando a mim, ao Fernandão (Fernando Alfredo, presidente municipal do PSDB, em São Paulo), e tanta gente para a militância. Então, eu acho que ele cumpriu um papel fundamental pra isso. E ainda tem muito pra cumprir. 

Por tudo isso, eu acredito que é a pessoa certa, na hora certa. 

BW - O Rodrigo Garcia, que assumirá o Governo de São Paulo, já entra como um dos principais candidatos, nessa disputa. Correto? 

MV - O Rodrigo, sem dúvida, já chega com grande densidade. Vai ser governador do Estado, indo para a reeleição. E acho que, com isso, ele vai ter a oportunidade de se apresentar para o eleitorado com sua trajetória. Que foi uma trajetória que participou de todos os nossos governos, aqui do PSDB. O Rodrigo entra na vida pública na campanha do Covas (1994), ajudando aa campanha do Covas. Depois trabalha na Secretariada Agricultura do governo Covas. Na sequencia, nos governos Serra e Geraldo, tem um papel muito importante. E, agora, como vice-governador, nem se fala. Um gerente aqui no Estado. 

Eu acho que Rodrigo representa muito esse momento que nós vivemos. De valorização daquilo que São Paulo teve de avanço nesse período, sem a acomodação de achar que não temos grandes desafios a serem superados. 

Pois tudo isso, eu acho que o Rodrigo é extremamente importante para o Estado de São Paulo, não só para o PSDB, em um momento que a gente vê uma candidatura artificial, como a do Tarcísio de Freitas, mudando titulo eleitoral a poucos meses da eleição, sem nenhum vínculo com nosso Estado, para representar o projeto da família Bolsonaro. E no outro campo, o PT querendo avançar como a cereja do bolo do Lula, nesse processo de vingança pessoal dele para retornar para a vida pública. 

BW - Para encerrar, secretário, vai ser candidato? 

MV - Não. Não sou candidato. Vou ser candidato a ajudar nosso partido. 



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SOBRE MARCO VINHOLI

Marco Vinholi é nascido em São Paulo, formado em Administração de Empresas pela PUC/SP com especialização em Gestão Empresarial pela FGV. Foi Deputado Estadual e Líder do PSDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Atualmente é Secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo e presidente estadual do PSDB de São Paulo.

Iniciou sua vida pública junto aos movimentos estudantis, como presidente do Centro Acadêmico Leão XIII (PUC), diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE) e União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi coordenador nacional de Empreendedorismo Juvenil, no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e diretor do departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude, órgão do Governo Federal.

Em 2013, presidiu o Fundo Social de Solidariedade do Município de Catanduva. Foi diretor da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, em 2015 e coordenou o Vivaleite, o maior programa de segurança alimentar da América Latina. Neste período foi vice-presidente do Conselho da Criança e do Adolescente (Condeca). No PSDB foi membro da Executiva Estadual e do Conselho Fiscal. Vice-presidente da Juventude Estadual do PSDB e coordenador regional do PSDB, eleito por prefeitos, ex-prefeitos e vereadores de toda região de Catanduva. Em 2019, além de Secretário assumiu a presidência estadual do partido.

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