Grande conquista dos paulistanos

100% dos adultos da capital paulista estão totalmente imunizados, mas é perigoso dar a pandemia como vencida

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido

O Estado de S.Paulo

Não há exagero em afirmar que a cidade de São Paulo se tornou a “capital mundial da vacina” contra a covid-19, como se pode ler em banners espalhados em alguns pontos da metrópole. Na quarta-feira passada, a Prefeitura da capital paulista anunciou a imunização completa de 100% da população adulta. A conquista dos paulistanos é um feito e tanto. Basta dizer que cidades mais ricas do que São Paulo, e que tiveram acesso mais cedo às vacinas, como Londres e Nova York, até o momento aplicaram as duas doses ou a dose única do imunizante em cerca de 80% de suas populações com 18 anos ou mais.

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, classificou o marco como “uma grande vitória”. E de fato é. Primeiro, uma vitória do governo do Estado e da Prefeitura, que se engajaram seriamente na promoção de políticas de saúde pública, nem sempre populares, voltadas à mitigação dos efeitos nocivos do coronavírus, entre as quais a principal é justamente o estímulo à vacinação.

Os cidadãos paulistanos, por sua vez, não são menos merecedores dos louros por essa auspiciosa conquista. Um resultado dessa importância só pôde ser alcançado porque cada um fez a sua parte e acorreu a um posto de vacinação tão logo os imunizantes foram disponibilizados para sua faixa etária. Ao fim e ao cabo, a totalidade dos paulistanos adultos, o que inclui os apoiadores de Jair Bolsonaro, simplesmente ignorou a campanha aberta do presidente da República contra a vacinação, que segue firme e forte até hoje, como demonstra a recente pressão exercida por Bolsonaro sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a fim de liberar a entrada de estrangeiros não vacinados no País, um despautério.

Se, por um lado, a vacinação completa da população adulta de São Paulo deve ser celebrada, por outro, seria extremamente perigoso tomá-la como sinal de que a pandemia, enfim, acabou. É cedo para essa afirmação. Trata-se, sem dúvida, de um passo importantíssimo para evitar que uma nova onda de infecções se alastre pelo Estado. Mas foi apenas isso, um passo. A prudência que tem sido a marca do comportamento do governo e da sociedade deve continuar sendo a tônica na gestão da crise sanitária. Em todo o Estado, não se pode esquecer, ainda há nada menos do que 4,3 milhões de pessoas que simplesmente não voltaram aos postos de saúde para receber a segunda dose da vacina.

A prudência levou as prefeituras de cerca de 70 municípios de São Paulo a anunciar o cancelamento dos festejos de carnaval em 2022. Não há razão para crer que a decisão não esteja amparada por estudos científicos, haja vista que são muitas as pressões para que as festas aconteçam. Há, pois, risco concreto de aumento do número de infecções decorrentes das aglomerações provocadas pelos eventos carnavalescos.

Todo cuidado ainda é pouco. A situação é muito melhor hoje do que era há poucos meses, mas a pandemia ainda não foi superada. Será, não há dúvida, mas desde que todos continuem a agir individualmente em prol desse objetivo coletivo.

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