Médicos e cientistas destacam segurança e eficácia da CoronaVac

Resultado global de eficácia foi apresentado nesta terça-feira pelo Instituto Butantan


O Globo

No dia em que foram apresentados os dados globais de eficácia da CoronaVac, de 50,4%, alguns dos principais nomes da comunidade médica e científica do país, que haviam alertado para a falta de dados detalhados da CoronaVac, foram convidados a participar da coletiva de imprensa do governo e, após serem informados sobre a eficácia, defenderam o início da vacinação, assim que houver aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Cerca de 10 nomes de peso estiveram presentes hoje no Instituto Butantan para destacar a segurança do imunizante.

Além de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, e do secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, também estavam presentes o médico e coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, o professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da USP, Esper Kallas, Sérgio Cimerman e Rosana Richtmann, infectologistas do Instituto Emílio Ribas, e Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Se juntaram a eles nomes como Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Renato Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Alex Precioso, diretor do Centro de Segurança Clínica e Gestão de Risco do Butantan, e Ricardo Palácios, diretor médico de Pesquisa Clínica do Butantan.

Por mais de uma hora e meia, os especialistas defenderam os estudos da CoronaVac. Para a cientista Natalia Pasternak, o estudo do Butantan se mostrou "limpo e claro". No entanto, destacou, como todo estudo clínico o resultado tem "sucessos e limitações".

— Nós temos uma boa vacina. Não é a melhor vacina do mundo, não é a vacina ideal, é uma boa vacina que tem a sua eficácia dentro dos limites do aceitável pela comunidade científica e da Organização Mundial de Saúde. É uma vacina que foi testada dentro de um rigor de testes clínicos, em um estudo que teve seu protocolo pré-publicado, com desfechos primários e secundários pré-publicados, ou seja, é um estudo limpo, claro, e que agora traz os resultados exatamente do que se propôs a fazer — salientou.

Natália destacou que o que faz uma vacina ser boa é a sua capacidade de vacinação em determinado país:

— Os resultados não são exatamente o que a gente esperava, porque queriam uma vacina de eficácia de 90%, mas eles são de uma vacina perfeitamente aceitável. Eu quero essa vacina, eu quero que os meus pais tomem essa vacina. Ela é possível e adequada para o Brasil, compatível com a nossa capacidade de produção local, de armazenamento e cadeia de distribuição. Uma vacina só é tao boa quando tem capacidade de ter uma cobertura vacinal o mais completa — disse. — Nós temos uma vacina que é potencialmente capaz de prevenir doença grave e morte. E afinal das contas era tudo isso que a gente queria desde o começo. A gente nunca falou que queria uma vacina perfeita. Queríamos uma vacina que nos permitisse sair desse potencial pandêmico, e isso a CoronaVac tem potencial de fazer — completou.

Segundo Marco Aurélio Safadi, os dados do apresentados pelo Butantan sobre a CoronaVac são "absolutamente similares" às vacinas já existentes no Brasil hoje.

— A vacina de rotavírus tinha eficácia de 80% para mortes e hospitalizações, e de 40 a 50% para prevenir diarreia. A da coqueluche, utilizada há décadas, também é muito similar, previne com muita eficiência formas graves da doença. A própria vacina da gripe, que apresenta eficácia menor do que essa (da Covid-19), também propiciou impactos substâncias - alertou o especialista.

Comentários