Covas revê plano de metas e foca investimento em zeladoria


Artur Rodrigues - Folha.com

Bruno Covas

O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (8) revisão do plano de metas em que encolhe algumas bandeiras importantes de João Doria (PSDB) para a prefeitura e aumenta a verba para zeladoria. Há também novos objetivos, como diminuir em 80% o número de usuários de drogas nas ruas.

A revisão do plano de metas é prevista na lei que criou o mecanismo. Nas gestões de Fernando Haddad (PT) e Gilberto Kassab (PSD), no entanto, não houve revisão. 

Apesar de manter o discurso de que a gestão de Doria na Prefeitura e a dele são um contínuo, na prática Covas tem agora um plano de governo próprio. Nele, as metas do plano de Covas subiram de 53 para 71 e a estimativa de gasto com investimento passou de R$ 10,8 bilhões para ao menos R$ 12,8 bilhões. 

Entre as metas estabelecidas por Covas, 20 terão o “escopo ajustado”. Isso pode se traduzir em cortes, como o que acontecerá na mobilidade urbana, por exemplo.

Os 72 km de novos corredores de ônibus prometidos por Doria, por exemplo, viraram apenas 9 km. O projeto do chamado Rapidão, alardeado pelo antecessor de Covas, vai ficar no papel. 

"A expectativa de crescimento não se realizou e tivemos uma frustração do comportamento do PIB em 2017 e 2018 em relação ao que se projetava. Portanto, é necessário ajustar esse programa a uma nova realidade", disse Covas. "A questão dos Corredores se previa muitos recursos, especial recursos do Ministério das Cidades para poder ampliar a quantidade de corredores, e não se realizou. O nosso foco na gestão é botar para funcionar o que existe". A lista também inclui requalificar 43,4 km de corredores ou faixas exclusivas. 

Uma das principais promessas de Doria, plano de desestatização tinha 55 projetos. A estimativa, segundo o plano de metas, era que rendessem R$ 5 bilhões à cidade. No entanto, mais de dois anos após o início da gestão, poucos projetos saíram do papel. 

Após a revisão feita por Covas, o plano estipula que a prefeitura implantará 10 projetos do programa municipal de desestatização. Não há estimativa de valor no projeto apresentado pelo prefeito. 

Por outro lado, surgiu a meta de recuperar 50 pontes, viadutos, passarelas e túneis. A situação desses equipamentos da cidade, após um viaduto ceder na marginal Pinheiros, é uma das justificativas de Covas para a mudança nas metas. Também há previsão de realizar inspeção em 185 estruturas do tipo

Covas afirma que, entre 2018 e 2019, houve aumento de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão na área de zeladoria. Os números incluem tapar nos próximos dois anos 5.400 buracos e recuperar 240 mil metros lineares de guias e sarjetas. 

Para cumprir o plano, Covas terá de praticamente dobrar o que vinha investindo nos últimos dois anos. O dinheiro virá de cortes como o promovido no número de viagens que dá direito o Bilhete Único vinculado ao vale-transporte, uma economia de mais de R$ 400 milhões. 

No total, há 25 novas metas. Entre elas está a promessa de diminuir em 80% o número de usuários de drogas nas ruas. Covas não dá pistas de como fará isso, mas anunciou uma entrevista à imprensa sobre o assunto para esta semana. 

Também foi anunciada a criação de bônus para os servidores. No caso do cumprimento das metas, eles poderão ganhar até 2,4 salários extras. Segundo o prefeito, já há R$ 200 milhões reservados para este fim. 

“A grande evolução desse ajuste é que agora cada programa, cada meta, a gente estimou quanto vai custar para a prefeitura e já temos recurso para poder viabilizar essas metas”, disse Covas. De acordo com ele, o plano não depende de repasses ou mesmo do valor cuja previsão tem como fonte as privatizações. 

Ele afirmou não haver problema na mudança das metas estipuladas após audiências públicas. “O problema seria retirar do plano de metas. Até porque o plano de metas não limita a atuação da prefeitura, que pode começar um programa que não está previsto no plano de metas”.

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