PSDB de Alckmin antecipa disputa estadual para pressionar Doria sobre Presidência


Com movimento, aliados do governador esperam que prefeito deixe claro sua intenção para 2018

SILVIA AMORIM - O GLOBO

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Deflagrada este mês, faltando mais de um ano para as eleições, a disputa pela vaga de candidato do PSDB ao governo de São Paulo marca mais um round na briga entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria pelo posto de presidenciável tucano em 2018. Alckmin, que sempre considerou prematuro um debate da chapa estadual antes de uma definição do presidenciável tucano, foi consultado e consentiu, no início deste mês, com uma articulação para iniciar já a corrida pela sucessão no estado.

A antecipação está sendo considerada pelo grupo de Alckmin um instrumento para pressionar Doria a uma tomada de decisão — declarar-se pré-candidato ao Planalto ou ao governo paulista. Aliados do governador têm defendido que a vaga de candidato no estado não pode servir de prêmio de consolação caso o prefeito seja preterido para a eleição nacional.

A corrida interna estadual foi deflagrada no dia 4 de setembro, quando o cientista político Luiz Felipe D'Avila se apresentou como pré-candidato do PSDB a governador numa reunião do PSDB. Até então, alguns nomes estavam colocados, como o do secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, e do secretário da Saúde, David Uip, mas eles aguardavam um sinal de Alckmin para iniciar a disputa, o que veio com a chegada do forasteiro.

Desfiliado do partido desde 2008, D'Avila foi convencido pelo presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, a se refiliar e disputar a vaga de governador. O cientista político é genro do empresário Abílio Diniz e tem perfil e discurso muito parecido ao de Doria, apresentando-se como um representante da “renovação na política”.

Nos bastidores, aliados de Alckmin acompanham cada passo dos pré-candidatos “para que nada saia do controle”. Sem muita cerimônia, alguns se referem à disputa interna estadual como uma “trava no Doria”.

Eles acreditam que a movimentação dos pré-candidatos a governador fará o prefeito, no mínimo, ter que dividir a atenção da corrida presidencial com a estadual. Os mais otimistas avaliam que a pressão pode levar Doria a repensar uma candidatura presidencial ou, ao menos, antecipar uma declaração pública de que é pré-candidato. Doria tem evitado isso para não se desgastar com seu eleitorado, já que não completou nem um ano de governo.

Partidos aliados do PSDB também viram no lançamento de D'Avila uma jogada de Alckmin para constranger Doria. Lideranças do PSB e do DEM, que tentam viabilizar candidaturas próprias ao governo paulista, consideraram a pulverização de nomes no PSDB um fato favorável a eles.

— Quem tem muitos nomes não tem nenhum — comemorou o dirigente de um partido aliado.

NOME DE SERRA REAPARECE

Para bagunçar ainda mais o ninho tucano, o senador José Serra, que vinha sendo considerado carta fora do baralho nas eleições de 2018 diante das denúncias na Lava-Jato, tem dado sinais de que quer se candidatar.

— Como ele voltou a dizer que quer ser candidato a presidente, é provável que esteja interessado em concorrer ao governo do estado. O Serra é assim, quer sempre o contrário do que diz — confidenciou uma pessoa próxima ao tucano.

D'Avila negou que sua pré-candidatura está a serviço de um jogo de interesse de Alckmin na definição da chapa presidencial.

— Se você é novo no partido, tem que começar a trabalhar cedo para viabilizar sua candidatura. Consultei todas as lideranças do partido antes de aceitar o convite. Minha pré-candidatura é pra valer — afirmou.

Pesaro disse que considera um equívoco a antecipação no PSDB da sucessão estadual, mas que, agora, não há volta.

— A escolha do candidato a governador tem que estar atrelada ao projeto à presidente do governador Alckmin. Mas quem antecipou esse debate foi o presidente do partido no estado e, diante disso, coloquei minha postulação e vou trabalhar por ela — afirmou Pesaro.

Pesaro diz que seu candidato a presidente é Alckmin. D'Avila desconversa e diz ser uma decisão do partido. Pesaro afirma que abrirá mão de uma pré-candidatura se Doria se apresentar como candidato a governador. D'Avila defende prévia com o prefeito.

O secretário da Casa Civil do estado, Samuel Moreira, negou nesta sexta-feira que Alckmin tenha dado aval para a antecipação da disputa interna aos pré-candidatos tucanos a governador.

— É tudo fofoca. O governador não tem nada a ver com essas pré-candidaturas nem vai interferir nesse processo — disse.



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