Casal de marqueteiros de Lula, Dilma e Haddad continuará preso por tempo indeterminado


Juiz diz que há provas de que eles possam colocar em risco a investigação

João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, são presos pela PF 
(Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decidiu nesta quinta-feira (2) converter a prisão temporária de João Santana e Monica Moura, presos na 23ª fase da Operação Lava Jato, para preventiva. Com isso, os dois permanecem detidos, à disposição da Justiça, por tempo indeterminado.

O pedido para a conversão foi feito pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF).

O casal é suspeito de receber US$ 7,5 milhões desviado da Petrobras em uma conta não declarada no exterior. Santana é publicitário e foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Moro destacou os indícios levantados pelas investigações de que Santana e a mulher continuaram a receber recursos investigados pela Lava Jato, em 2015, após a operação ter sido deflagrada.

Para o magistrado, há o risco de que o casal possa interferir nas investigações do caso. Ele apontou como justificativa o fato de que a PF descobriu que João Santana apagou uma conta que possuía no Dropbox - serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos na nuvem - no mesmo dia emq ue foi deflagrada a 23ª fase da Lava Jato. Neste dia, o publicitário ainda estava na República Dominicana e não havia se apresentado para a prisão.

"Considerando a data da providência, a medida tinha a finalidade provável de impedir o acesso das autoridades policiais ao conteúdo armazenado em nuvem junto aquele endereço eletrônico, já que a interceptação ou quebra de sigilo telemático é recurso usualmente empregado nas investigações policiais modernas", consignou Moro, justificando a decisão de manter o casal preso para evitar a destruição de possíveis provas.

"Considero igualmente presente risco à instrução, com a possibilidade de apresentação de documentos fraudulentos para justificar as transações subreptícias, máxime diante da apresentação de álibi, em cognição sumária, inconsistente com as provas até o momento colhidas", diz o juiz no despacho


Relacionamento com a Odebrecht

Segundo o juiz Sérgio Moro, provas indicam que o relacionamento de João Santana e Mônica com a Odebrecht, empresa acusada na Lava Jato, é maior do que o admitido pelos suspeitos e que eles teriam recebido da empresa quantias "bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas" na conta na Suíça.

No pedido de conversão da prisão feito pela PF, os delegados destacaram que em uma agenda apreendida na residência de Maria Lúcia, secretária da Odebrecht solta na quarta-feira (2), é possível encontrar referência ao contato FEIRA e, ao lado, o nome de Mônica Moura.

"Os telefones que seguem abaixo da anotação encontram-se todos vinculados a Mônica Moura e João Santana, não deixando qualquer margem para dúvida de que a pessoa ali referida se trata, de fato, da investigada Mônica Moura", dizem os delegados.

De acordo com as investigações, o termo "Feira" seria utilizado utilizado pela Odebrecht, empresa acusada na Lava Jato, para reportar-se não propriamente a João Santana, mas a Mônica Moura, já que ela seria a responsável pela parte administrativa e financeira das atividades do casal.

Maria Lúcia atuava como secretária dos executivos da empresa. Anotações na agenda apreendida com ela mostram “pagamentos vultosos em reais para Feira”, numa “negociação” cujo total somaria R$ 24,2 milhões, de acordo com o juiz Sérgio Moro.

Provas indicam que o relacionamento de Santana e Mônica com a Odebrecht é maior do que o admitido pelos suspeitos e que eles teriam recebido da empresa quantias "bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas" na conta na Suíça, segundo o juiz Sergio Moro.

A atual fase da Lava Jato foi batizada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção naPetrobras investigado na Operação Lava Jato.


Bilhete "carinhoso"

Ainda no pedido de conversão da prisão, a PF também apontou um novo bilhete de Mônica Moura no interior de um caderno apreendido com Maria Lúcia. De acordo com os delegados, ao mandar um "obrigada e um beijo", Mônica demonstrou proximidade com a secretária da Odebrecht.

Um fragmento de papel de coloração amarela, conhecido popularmente como post-it, também foi encontrado no meio do caderno e mostra telefones que seriam supostamente da mulher de Santana.

"Chama a atenção, nos dois casos, as referências a horários, o que pode indicar que a emitente aguardasse algo a ser recebido, que poderiam certamente tratar-se dos 'acarajés', especialidade de MARIA LÚCIA. E frise-se, não se trata de ilação conforme afirmado pela defesa do casal. Há sim uma farta gama de indícios a corroborar o raciocínio exposto", completa a PF.

"O laudo pericial foi definitivo ao indicar que o bilhete ‘carinhoso’, que indica os horários disponíveis para uma possível entrega de ‘acarajés’, partiu do punho da investigada Monica Moura”, diclarou a PF.


Operação Acarajé

A atual fase da Lava Jato foi batizada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

Santana é publicitário e foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006.

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